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Epilepsia: uma doença neurológica rodeada de preconceitos

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A doença representa um ônus pessoal e social, afirma neurologista. Foto: Assessoria Prati-Donaduzzi.

A epilepsia é uma doença neurológica crônica e está entre as mais comuns no Brasil. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 3 milhões de brasileiros sofrem com a enfermidade. No mundo, são aproximadamente 50 milhões de pessoas. Além da busca por melhor qualidade de vida, uma das principais lutas de quem vive com a doença é contra o preconceito.

O neurologista Fernando Rezende explica que a epilepsia é o transtorno cerebral caracterizado predominantemente pela interrupção da função cerebral normal, recorrente e imprevisível, chamada de crise epiléptica. “A doença representa um ônus pessoal e social, já que os perigos físicos decorrentes da imprevisibilidade das crises, a exclusão, o estigma e os distúrbios psicológicos associados são fatores que podem levar prejuízos aos indivíduos com epilepsia”, explica.

A falta de informação e conscientização sobre a doença é uma das barreiras enfrentadas por quem vive com a doença e seus familiares. “O maior problema da epilepsia continua sendo o preconceito”, define o especialista ao citar o mercado de trabalho como exemplo. Apesar de não haver restrições para a maioria dos trabalhos, um estudo brasileiro mostra que 36% dos indivíduos com epilepsia estão licenciados ou aposentados.

Enfrentamento

O preconceito é uma das dificuldades diárias para quem ainda está aprendendo a lidar com esta realidade. A filha de Priscila Chiamulera Mantovani tem dois anos e desde os dois meses de idade, quando foi diagnosticada com epilepsia refratária, a família busca formas de reduzir as crises da pequena e promover seu desenvolvimento e integração. “Muitas pessoas por falta de conhecimento têm medo, preconceito ou receio. Ações que promovam a conscientização são muito importantes”, revela a mãe.

A filha de Priscila é uma das 700 mil pessoas que sofrem de epilepsia refratária no Brasil. Ela chega a ter centenas de crises por dia. Desde a descoberta da doença, passa por superações diárias. Primeiro foi o diagnóstico. “Dias após as vacinas de dois meses ela começou a fazer “caretinhas” ao mamar. Nesse mesmo dia a frequência das crises foi aumentando e ficando mais fortes. Seu corpinho todo fazia movimentos repetitivos (a musculatura ficava rígida e estremecida). Uma ressonância comprovou uma má formação genética no cérebro, a lisencefalia”, conta.

Até hoje a família busca formas de controlar as crises. As mais danosas são amenizadas por medicamentos, mas as de ausência ainda são constantes. A família tem altas expectativas com os avanços da indústria farmacêutica que está desenvolvendo produtos que possam auxiliar. “Tenho muita esperança”, define a mãe. Enquanto isso, uma força tarefa diária de toda a família garante a melhor qualidade de vida possível à pequena. Ela frequenta a escola, faz terapia ocupacional, fisioterapia, fonoaudiólogo, psicólogo, equoterapia e hidroterapia. “Nos dedicamos exclusivamente a cuidar dela e tentamos sempre que possível levá-la conosco em todos os locais e eventos”, explica a mãe sobre uma importante parte dos cuidados e combate aos preconceitos: a socialização.

O que fazer em momentos de crise?*

  • Mantenha-se calmo e acalme as pessoas ao seu redor;
  • Evite que a pessoa caia bruscamente ao chão;
  • Acomode o indivíduo em local sem objetos dos quais ela pode se debater e se machucar;
  • Utilize material macio para acomodar a cabeça do individuo, como por exemplo; um travesseiro, casaco dobrado ou outro material disponível que seja macio;
  • Posicione o indivíduo de lado de forma que o excesso de saliva ou vômito (pode ocorrer em alguns casos) escorram para fora da boca;
  • Afrouxe um pouco as roupas para que a pessoa respire melhor;
  • Permaneça ao lado da vítima até que ela recupere a consciência;
  • Ao término da convulsão a pessoa poderá se sentir cansada e confusa, explique o que ocorreu e ofereça auxílio para chamar um familiar. Observe a duração da crise convulsiva, caso seja superior a 5 minutos sem sinais de melhora, peça ajuda médica.

O que não deve ser feito durante a crise convulsiva: 

  • Não impeça os movimentos da vítima, apenas se certifique de que nada ao seu redor irá machucá-la;
  • Nunca coloque a mão dentro da boca da vítima, as contrações musculares durante a crise convulsiva são muito fortes e inconscientemente a pessoa poderá mordê-lo;
  • Não jogue água no rosto da vítima.

*Fonte: Associação Brasileira de Epilepsia

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Sobre o colunista

Indústria farmacêutica 100% nacional, especializada e referência no desenvolvimento e produção de medicamentos genéricos. Neste ano ingressou na área de Prescrição Médica com medicamentos de marca com foco no Sistema Nervoso Central. Com sede em Toledo, Oeste do Paraná, produz, aproximadamente 11,5 bilhões de doses terapêuticas por ano e gera mais de 4,5 mil empregos.
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  • Epilepsia